PROTAGONISMO INDÍGENA NA ACADEMIA: PRIMEIRA ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU REALIZADA EM UMA ALDEIA Featured

Notícias Written by  Quarta, 02 Agosto 2017 00:00 font size decrease font size increase font size
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Profa. Ma. Elisangela Leal da Silva Amaral – NEAD/UEMS

 

A Especialização em Língua e Cultura Terena já traz consigo o diferencial de ter sido idealizada por um Terena: o acadêmico indígena Sérgio Reginaldo da Silva, tendo o projeto construído por professores mestres e doutores indígenas, lideranças das aldeias e professores do NEAD/UEMS.

 

 

Funcionando na Unidade da UEMS de Campo Grande desde janeiro de 2017, neste final de semana, 29 e 30 de julho, acontece a primeira aula na aldeia conforme previsto pelo projeto.

 

Os encontros acontecem na Escola Estadual Indígena Guilhermina da Silva, na Aldeia Aldeinha e no Centro de Convenções Professor Cláudio Valério da Silva, em Anastácio – MS. Outro fato histórico neste contexto de exercício do protagonismo indígena acontece mesmo na História: a aula de História dos Terena é ministrada pelo professor Dr. Wanderlei Dias Cardoso. O ônibus da UEMS trouxe cursistas da Região de Campo Grande e Terra Indígena de Buriti. Estiveram oferecendo suporte ao evento os professores do NEAD/UEMS: Prof. Dr. Marlon Leal Rodrigues, Prof. Dr. Antônio Carlos Santana, coordenador da Especialização, Profa. Ma. Elisângela Leal da S. Amaral.

 

Em entrevista à Profa. Ma. Elis Amaral, o Cacique Flávio, muito emocionado disse: “Acredito que foi um avanço pela educação. Vocês estão empenhados, lutando nessa pós-graduação!”. E acrescenta: “Eu disse ao prof. Wanderlei, aprendi muita coisa aqui. [...] Não é só por nós ser índio, que possamos ficar lá embaixo, de cabeça baixa, eu me orgulho muito de ser índio, porque eu sou um brasileiro terena, do nosso país!”.

 

Janet Lili Azambuja, professora na Aldeia Limão Verde, cursista terena falante e tradutora da língua terena disse que o acontecimento do curso na Aldeia “é uma conquista, e essa conquista não foi feita por pessoas que estão nesse curso de especialização, foi ao longo de muitos anos, de vários caciques, várias lideranças, que vêm e vêm deixando frutos, pra os novos que estão fazendo aquilo, que os ancestrais almejavam. E hoje chegamos nela e isso é muito gratificante!”.

 

O professor Dr. Wanderlei Dias Cardoso, da Aldeia Limão Verde, disse que “Pra mim é uma satisfação, não tenho palavra pra descrever [...]. A História ela tem que ser registrada, nesse sentido, eu pedi para a Universidade registrar isso porque isso tem um valor histórico muito grande, é a simbologia que a população indígena está dentro da universidade, do projeto, como protagonista, isso é ser protagonista! Você tem professores índios, falando, suscitando discussões da história indígena, temos aqui autores que falaram sobre nós e versões de quem já fez mestrado e doutorado pra trazer esses dois olhares”.

 

Prof. cursista Joel Reginaldo Sol da Aldeia Água Azul, afirma que este curso, acontecendo em uma aldeia, “significa um avanço porque até então o povo indígena era sempre, sempre, sempre uma questão de preconceito, e hoje nós, enquanto terena e acadêmicos, a gente percebe que o preconceito não é só com índio...”. Quanto à aula com um professor terena, afirma que “isso significa um estímulo, de saber que nós, terena, também somos capazes de levar o conhecimento, galgar esses degraus da vida!

 

A profa. cursista terena Marinez de Campos, para nós é uma grande conquista de estar trazendo este curso para nossa comunidade, tirando das quatro paredes, a universidade indo para a realidade de cada comunidade. E a gente se sente privilegiado de receber este curso na nossa comunidade. A professora cursista terena Daniele, da Aldeia Ipegue declara que “A primeira aula de uma especialização dentro de uma aldeia: é um momento histórico! Isso sem dúvida! A gente fica muito contente de estar fazendo parte, porque quando a gente vai pra academia, já sente na pele que esse não é um espaço pra nós indígenas, [...] e estar dentro desse contexto de uma aldeia indígena, a sensação que eu tenho é de que a gente ta sendo valorizado e uma nova história pode estar sendo construída. Está sendo construída! [...] É muito diferente de tudo que a gente já viu.[...] Aqui é como se você estivesse falando... é a sua vida, é a sua história... é como se fosse tudo mais de verdade!

 

Sobre a especialização o Prof. Marlon explica que, “Primeiro invertemos a lógica: normalmente a academia oferece e os índios vão se adaptando, nessa fizemos o contrário, eles nos procuraram, montamos com eles, o projeto com professores mestres e doutores, ouvindo a comunidade, se isso já é um avanço metodológico que vai resultar numa outra representação, ter aulas com professores terena, para os terena, é um outro passo muito importante, e isso é significativo porque ele vai falar do lugar dos terena também. Essa aula hoje é histórica e simbólica. É uma consagração do protagonismo deles: saíram da aldeia, estudaram, se formaram, voltaram para a aldeia, trazendo a universidade para a aldeia.”

 

Para o coordenador do NEAD, “quando eu vim para a academia, já na graduação eu pensava em fazer carreira acadêmica, não era uma carreira acadêmica que eu possa dizer de contemplação, que é legítima também, [...] o que que eu posso fazer em termos de intervenção social? Qual seria minha contribuição social nesse sentido de intervenção?.”

 

Nesse sentido, diante dos depoimentos anteriores, parece que o professor tem levado sua equipe e, consequentemente, a UEMS a funcionar como agente de intervenção social, cumprindo muito bem seu papel de instituição pública. As entrevistas completas estarão disponíveis no site do CEPAD/NEAD.

 

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