PRODUÇÃO DE SENTIDO SOBRE AS COTAS: DISCURSO DO NÃO-NEGRO DA UEMS - DEFESA DE MESTRADO DE CLAUDINEI MARQUES DOS SANTOS - UEMS CAMPO GRANDE-MS
DEFESA DE MESTRADO EM LETRAS - CAMPO GRANDE-MS
- Título: Produção dos Sentidos Sobre as Cotas: Discurso do Não-Negro da UEMS
- Orientando: Claudinei Marques dos Santos
- Orientador: Prof. Dr. Marlon Leal Rodrigues
Banca:
Prof. Dr. Marlon Leal Rodrigues - Presidente da Banca
Profa. Dra. Nara Maria de Fiel Quevedo Sgarbi
Profa. Dra. Maria de Souza Rodrigues
Suplente
Prof. Dr. Antonio Carlos Santana de Souza
Profa. Dra. Irenilda Angela dos Santos
Resumo
A proposta pesquisar sobre a “discursividade” (Pêcheux, 2002) em seu aspecto “polêmico” (Maingueneau, 1993) sobre o negro a partir das “cotas nas universidades públicas” vem causando debates e controvérsias. É importante considerar que a questão do negro no Brasil tem gerado uma discursividade muito polêmica, principalmente em relação ao racismo e a posição do negro na sociedade brasileira após a libertação oficial dos escravos. Sua situação foi determinada historicamente através dos séculos em um regime de escravidão e de posteriormente de preconceito, estigmatização, marginalização, exclusão, situação que perdura ainda hoje, “menos a escravidão”. Essas relações estão marcadas nos discursos históricos em “redes de memórias” (Pêcheux, 2002). Uma questão que vem sendo muito debatida atualmente (desde 1998) diz respeito às políticas de reparação histórica para afro-descendente, em particular, as cotas para negros nas universidades e serviços públicos, ou seja, uma reserva de vagas para os negros concorrerem entre si, fato que aumentaria em número significativo a representação do negro na sociedade, ou seja, aumentaria a participação do negro em espaços sociais onde se exige o curso superior. Essas questões, entre outras, têm sido o centro da polêmica sobre os negros - não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos da América quando a “Suprema Corte” recentemente prorrogou por mais 30 anos as cotas nas universidades (2004) - em especial nas universidades públicas, pois as cotas também promovem um debate sobre a questão da identidade do afro-descendente e do povo brasileiro em geral. Assim, o objetivo desse trabalho é analisar quais os discursos dos negros que não entraram na universidade pelo sistema das cotas. Constituindo o debate sobre as cotas e a sua aceitação, ou seja, se esse sistema de reparação histórica tem sido aceito pelo seu público alvo. É importante ressaltar que a UEMS foi umas das primeiras universidades a implantar o regime de cotas para negros e indígenas.
Outro aspecto dessas discursividade diz respeito à polêmica das cotas a partir dos próprios negros, considerando aí algumas posições ideológicas que marcam a controvérsia sobre “brancos e negros no ensino superior” (Queiroz, 2004), ou seja, na universidade neste debate. Embora o sistema de cotas seja para promover uma reparação histórica da população negra, há negros que optam por entrarem na universidade pelo sistema geral de vagas, ou seja, mesmo estando do discurso do sistema de cotas, preferem entrar pelo sistema geral. Isto em alguma medida pode revelar alguns discursos referentes à própria posição do negro mediante o sistema de cotas: como a negação do sistema de cotas; ainda como questão de identidade, ou seja, o vestibulando não se reconhece como negro de forma que não a reivindica; ou ainda a discursividade de crítico do sistema de cotas: ele se reconhece como negro, mas possui posição contrária. Estas questões possuem uma historicidade tanto sobre a identidade do negro quanto a política de ações afirmativa, pois, de acordo com Antunes (2009:01)
A questão do negro no Brasil tem sido uma discussão muito “polêmica” (Maingueneau, 1993), principalmente em relação ao racismo e a posição do negro na sociedade brasileira após a libertação oficial dos escravos. Sua situação foi determinada historicamente através dos séculos em um regime de escravidão e de posteriormente de preconceito, estigmatização, marginalização, situação que perdura ainda hoje, “menos a escravidão”.
Essas relações estão marcadas nos “discursos” históricos em “redes de memórias” (Pêcheux, 2002). Uma questão que vem sendo muito debatida atualmente desde (1998) diz respeito às políticas de reparação históricas para afro-descendente, em particular, as cotas para negros nas universidades e serviços públicos, ou seja, uma reserva de vagas para os negros concorrerem entre si, fato que aumentaria em número significativa a representação do negro na sociedade.
Nesse sentido, nosso objetivo de forma geral é a discursividade dos alunos negros não-cotistas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
O objeto desta pesquisa são os discursos dos negros não-cotistas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Nova Andradina, com objetivo de observar se as cotas na universidade provoca efeitos de sentido na questão da identidade do negro. Visto que, há universitários negros que não entraram pelo sistema de cotas. Orlandi (1987).
O objetivo geral desta pesquisa é abordar os discursos dos não-cotistas (afro-descendentes) da UEMS, com o intuito de analisar a questão da identidade do negro a partir da posição sujeito de não-cotista; visto que ser negro durante muito tempo foi; e ainda é representado pela sociedade com “sentidos negativos“ (Rodrigues, 2004, 2006, 2008) construídos historicamente devido aos séculos de opressão, discriminação, desigualdade, preconceito e estigma social.
Assim, os objetivos específicos são: analisar os discursos dos negros não-cotista construção ou reconstrução da identidade do afro-descendente; analisar as possíveis tensões na identificação da posição sujeito de não-cotista; analisar o jogo estratégico de representações discursivas do negro quanto às cotas.
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