APRESENTAÇÃO

 

A Web Revista Discursividade, Estudos Linguísticos, na edição no. 16 apresenta uma diversidade de temáticas e áreas diversificadas. Se de um lado pode parecer que haja ausência de algo que os aproxima, do outro, a questão é exatamente de ter textos de diversidades teóricas, fato que possibilita um tipo de leitura adversa.

Nesse sentido, nada melhor do que deixar que os autores nos apresentem algo de suas reflexões:

O artigo sobre Representações Discursivas No Anúncio Publicitário, de autoria de Sueder Souza, aborda:

 

O discurso presente em propagandas publicitárias tenta chegar o mais perto possível do consumidor final, assim transpondo a realidade dos textos ou imagens escolhidas, para que o discurso chegue efetivamente aos sujeitos. Essa transposição da realidade que se dá através do discurso com o objetivo de chegar ao consumidor final é o que faz com que o sujeito se identifique com o produto anunciado e, assim opte pela sua aquisição. Partindo desse pressuposto, analisaremos o anúncio Gestão de Patrimônio da instituição financeira HSBC Brasil, levando em conta as noções de condições de produção (ORLANDI, 1988), formações imaginárias (INDRUSKY, 1994), formações discursivas e ideológicas (PÊCHEUX, 1990), sob o viés de uma análise discursiva.

 

Eliete Aparecida Borges reflete sobre leitura em sala de aula:

 

Partindo das discussões apresentadas por Maria Beatriz Zanchet (1988) – Literatura e subjetividade: a mediação do professor, Cláudia Riolfi (2008) – As especificidades do texto literário e O “lugar nenhum” da literatura nas aulas de Língua Portuguesa e Luiz Percival Britto – Promoção X mitificação da leitura, pretende-se criar um Projeto de Leitura com Manuel Bandeira para o 9º ano do Ensino Fundamental.

 

Maria de Fátima Xavier da Anunciação de Almeida aborda a questão da formação do leitor:

 

Neste texto, apresentamos uma reflexão teórico-crítica relacionada à formação do leitor do texto literário, particularmente do leitor formador, o professor de português e de literatura, que ensina literatura e trabalha com o texto literário nos finais do ensino fundamental e do ensino médio na educação básica brasileira e sul-mato-grossense. Consideramos que o leitor formador é o principal responsável pelo trabalho pedagógico e estético com o texto literário na escola básica, portanto, tem a incumbência de formar leitores. Ele precisou ser formado por outros formadores de leitores; passou pela escola básica, também, além de ter frequentado e concluído um curso de Letras. Todavia, o processo da formação inicial dele pode ter sido insuficiente, necessitando que haja uma formação continuada na área da educação literária.

 

Paulo Cesar Tafarello analisa O Dicionário Analógico da Língua Portuguesa de Carlos Spitzer:

 

Atualmente vem surgindo diversos estudos acerca dos dicionários, tomados como instrumentos de gramaticalização. Se tomarmos apenas a civilização ocidental temos desde os lexicons gregos, utilizados para catalogar palavras da língua até os mais modernos dicionários, em suas variedades – dicionários de língua, dicionários específicos de alguma área do conhecimento, etc - tanto impressos, quanto digitais. Mas, de qualquer forma, diversas sociedades há muito tem reservado um espaço onde as palavras possam ser “guardadas”, provocando um efeito de sentidos no qual os sentidos estabelecidos para estas causem impressão de estarem fixados, enfim, “domados”. Nesse trabalho, consideramos esse espaço não um mar tranquilo ou um céu de brigadeiro – mas um espaço no qual os sentidos encontram-se antes em disputa que estabelecidos, antes em movimento que estáveis.

 

Taisir Mahmudo Karim e Poliana Ferreira da Silva, a partir da Semântica do Acontecimento, fazem uma análise sobre Bordão: Histórias Dicionarizadas:

 

Neste artigo, pelo viés dos estudos enunciativos, analisamos os sentidos constitutivos da palavra bordão nos dicionários monolíngue de língua portuguesa. O recorte temporal que materializa o corpus deste estudo leva em consideração os dicionários publicados a partir do século XVIII. Vamos observar o processo em que opera a semantização construída no funcionamento específico do modo de dizer dos dicionários, instrumento tecnológico que institucionaliza e estabiliza sentidos como únicos dos vocábulos de uma língua. A questão analisada leva em consideração o movimento semântico da palavra, construído enunciativamente ao longo do tempo nos dicionários que constituem o corpus dessa análise. A reflexão consiste de um procedimento analítico que nos coloca, a partir da materialidade linguística, um lugar específico de interpretação, que se dá pela temporalidade própria do acontecimento enunciativo com o qual se constrói as relações designativas possíveis, dado o conjunto de determinações da palavra bordão nos dicionários levando em conta a relação integrativa que textualiza nosso objeto.

 

Os Tabus e a Análise do Discurso: Assujeitamento e (sem-) sentidos de autoria de Márcia Helena Franco Santos Godoy reflete sobre um dos últimos tabus contemporâneos referente a sexualidade:

 

Este artigo traz uma introdução ao estudo do tabu da proibição do incesto como temática, sopesando o que a Análise do Discurso identifica como “sentido” (ou “sem-sentido”). Considerou-se, para tanto, que, para se compreenderem os significados da prática que evidencia o envolvimento sexual entre consanguíneos e afins, é fundamental que se conheçam as formações dos tabus e o processo de assujeitamento histórico de elaboração dos interditos. O objetivo desta investigação é contribuir para reflexões acerca do fenômeno social dos tabus (suas origens e rupturas) e embasar possíveis análises dos significados atribuídos à prática do incesto consentido (manifestado com a anuência de pessoas plenamente capazes). Elegeu-se, como problema central deste trabalho, a verificação da dinâmica de instauração e de transformação de sentidos de determinadas proibições sociais, linguisticamente elaboradas, que tentam promover a latência de desejos humanos.

 

Maria Aparecida da Silva Santandel e Maria Massae Sakate fazem uma discussão sobre as novas tecnologias e o ensino:

 

Esse trabalho tem por objetivo promover a reflexão do papel do tutor da aprendizagem, bem como instigar o debate de que as capacitações on line influenciam na formação dos profissionais da educação inseridos na era das mídias digitais, em especial, pelas Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC. Para tanto, consideraremos a era tecnológica em que vivemos, onde a educação vivencia momentos diferenciais de conceber o ensino e a aprendizagem. Há novas culturas e novas formas de ver o mundo e aprender. Nesse sentido, as capacitações oferecidas pelos órgãos ou instituições responsáveis por essa formação acabam se apresentando como estimuladores de novas ações e, ao mesmo tempo, como propiciadores de derrubar os paradigmas que impedem o avanço das inovações.

 

Rosemere de Almeida Aguero apresenta um resumo de sua tese de doutoramento sobre “Discursos, Memória e Fabricação/Construção Discursiva da Identidade: os Brasiguaios nos Dois Lados da Linha”; já Ana Paula Ramalho dos Santos apresenta um resumo de sua dissertação de mestrado em que faz uma discussão sobre ensino com o título: “O Ensino de Língua: Prática de Produção Textual”.

 

Margarida Xisto da Silva Soares e Maria Francisca Valiente apresentam uma resenha do livro: Investigações discursivas na pós-modernidade: uma análise das relações de poder-saber do discurso político educacional de língua estrangeira de Márcia Aparecida Amador Mascia.

Conforme Fabíola Anderson Torales saber se comunicar bem exige o domínio da língua nas modalidades oral e escrita e é papel da escola ensiná-las, no entanto, a oralidade é bastante desprestigiada em sala de aula e quando ela aparece, o seu uso se limita a conversas informais ou a leitura em voz alta. Desta forma, em O Texto Oral como Ferramenta Para um Ensino de Qualidade, a autora visa expor a importância do ensino da linguagem oral, sobretudo o ensino dos gêneros orais; apresentar algumas atividades em sala de aula que trabalhem de forma significativa esta modalidade da língua e, por fim, analisar a oralidade presente em um livro didático de língua portuguesa e de que maneira ela é explorada. Quanto ao embasamento teórico, apresenta a contribuição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e dos seguintes autores: SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (2004), MARCUSCHI, L. A. (2010), ELIAS, V. M. (2011), BELINTANE, C. (2013), dentre outros.

 

Esperamos que os leitores tenham uma boa leitura.

 

 

Desta Terra do Pantanal, Campo Grande-MS, agosto de 2015.

 

Marlon Leal Rodrigues

Rosimar Regina Rodrigues de Oliveira

Elisângela Leal da Silva Amaral

Valter Souza da Silva

Celso Abrão do Reis