APRESENTAÇÃO

VOLUME II: LINGUAGENS E ENSINO

 

 

Este número da Web-Revista Discursividade, tem como objetivo trazer a comunidade acadêmica trabalhos completos apresentados na III Conferência Internacional Brasil-Canadá: Transletramentos, Fronteira, Ensino de Línguas e Literaturas. O evento promoveu o intercâmbio entre os dois países, onde durante três dias pesquisadores brasileiros e canadenses tiveram a oportunidade de debater temas relacionados ao fluxo de conhecimentos transnacionais e os efeitos da globalização que redefinem as formas de considerar fronteiras, ensino de línguas e literaturas. As discussões ocorreram em mesas redondas, sessões coordenadas, comunicações individuais e workshops. O evento contou com a participação de acadêmicos dos cursos de Letras, Relações Internacionais, Pedagogia e Geografia; pós-graduandos em Letras e Educação; Professores e Pesquisadores destas e outras áreas afins de conhecimento. Neste número são apresentados trabalhos relacionados a linguagens e ensino.

Em “Reflections on the role of translation in the circumpolar world: a comparison between two regions of the Inuit homelands: the Canadian Artic and Greenland”, o pesquisador canadense Ian Martin traz um estudo de caso comparativo de tradução e de contato de línguas entre duas variantes da língua Inuit e da língua inglesa e dinamarquesa. O estudo revela traços históricos coloniais diferentes, além de diferentes políticas de tradução, sugerindo que tais resultados sejam oriundos de suas diferentes histórias tradutivas; enquanto que em “Researching language teacher education: globalization, language policy and new literacies studies in dialogue”, Ruberval Franco Maciel discute em seu artigo o fenômeno da globalização como um abordagem macro ao examinar o processo de construção política na educação, particularmente nas políticas públicas brasileiras para o ensino de língua inglesa.

Em “Letramentos transnacionais: trespassando fronteiras no ensino/aprendizagem de EFL”, Fabio Nascimento Sandes e Cristina ArcuriEluf refletem sobre como lidar com o variável papel do Inglês enquanto língua global, sem deixar de levar em consideração, os aspectos locais de uma comunidade, sua posição, história, atuais necessidades e esperanças no mundo global, enquanto que em “Letramentos Contemporâneos”, Elizabeth Conceição de Almeida Alves e Waldinéia Lemes da Cruza Alves discutem a presença dos novos letramentos nesse universo social permeado por práticas sociais mediante tecnologias digitais observadas em comunidades que utilizam dessas práticas para comunicar, ler, produzir no ambiente digital.

Giovani Ferreira e Nara Hiroko Takaki, no artigo “Letramento digital crítico nas aulas de inglês em escola indígena de MS”, apresentam e discutem construções de sentido dos alunos Terenas e do professor em aulas de língua inglesa numa escola pública à luz de teorias recentes de novos letramentos e em especial as do letramento digital crítico. Por sua vez, Elisangela Silva e Crisliane Patrícia Silva, no artigo “A presença do tri/multilinguismo no ensino superior: um estudo de caso de uma aluna do curso de Letras”, discutem como um sujeito vivendo em um espaço social trilingue se apropria das habilidades acadêmicas e letradas em um curso de formação onde o português é tratado como língua materna e o inglês como língua estrangeira num processo de formação profissional.

No artigo, “Science teaching and diseases’ prevention of historical inter-ethnic contact: the schooling of the Enawene Nawe, Juína, Mato Grosso”, Cleyde Nunes Pereira de Carvalho, Léia Teixeira Lacerda e Maria Leda Pinto apresentam resultados de uma investigação sobre o ensino de ciências, com ênfase na prevenção de doenças resultantes do histórico contato inter-étnico, apresentando a possibilidade de implementação de ações de prevenção nas aulas de ciências que vão de encontro à língua, ao modo de vida e os códigos culturais das referidas etnias.

Em “Intervenções grupais: relações de gênero e sexualidade na escola integral”, Joana D`arc Moreira Alves e Léia Teixeira Lacerda apresentam uma reflexão relacionada ao trabalho com intervenções grupais com estudantes de uma escola pública em Jataí, no Estado de Goiás, objetivando compreender as concepções das relações de gênero e a dinâmica da sexualidade vivenciada pelos estudantes.

Flávio Amorim da Rocha e João Pedro Vasconcelos Tabosa, em “Perfil de leitor dos estudantes do campus Campo Grande do IFMS”, discutem aspectos relevantes relacionados ao hábito de leitura desses sujeitos, tendo por base as teorias de letramento literário, promovendo atividades que permitam à comunidade escolar o acesso à arte literária por meio do diálogo que ela mantém com diversas formas de expressão. 

Com O lúdico como estímulo à leitura e à escrita: um estudo sobre o projeto de extensão Almanaque”, Marielle Rizzo Muniz e Angela Cristina Catonio apresentam a importância da leitura e da escrita para a formação das crianças e dos jovens e mostram a atividade lúdica como um ato positivo a ser adotado pelas escolas para transmitir conhecimento; enquanto em “O ensino de leitura e a avaliação em larga escala da rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul (SAEMS): contribuem para gerar transformações?”, de Silvane Aparecida de Freitas e Michele Serafim dos Santos discutem alguns conceitos presentes no debate acadêmico sobre a avaliação externa e sua relação com as políticas públicas, enfatizando o ensino de leitura nas aulas de língua portuguesa.

Julia Cristina Granetto e Beatriz Helena Dal Molin, em “Objetos digitais de ensino-aprendizagem: um novo modo de aprender”, discutem sobre os objetos digitais de ensino-aprendizagem, buscando compreender seus conceitos, sua função e seu papel no cenário da cultura da convergência, apresentando suas características e abordando sobre os repositórios educacionais existentes. Já no artigo “Do estético ao midiático: o e-book como produto da indústria cultural”, Quelciane Ferreira Marucci enfatiza o crescimento no Brasil de publicações on-line, mas questiona que estas publicações podem ser estratégias mercadológicas, visando mais o consumo do que a própria propagação da cultura.

Em “Educação indígena no Brasil: uma história de conquistas e desafios”, Simone dos Santos Franca e Maria Leda Pinto refletem sobre a temática da implantação de cotas para indígenas em uma universidade pública no centro-oeste brasileiro, apresentando os principais aspectos que envolvem a educação indígena em âmbito nacional e no Estado de Mato Grosso do Sul; enquanto que em “A produção textual nos anos iniciais do fundamental I – Amambai/MS: o sujeito e suas relações entre linguagem e discurso”, Marta Luzzi e Maria Leda Pinto apresenta uma reflexão sobre a Produção de Textos que compreende o sujeito e suas relações com a linguagem e o discurso em três textos produzidos pelos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental I, na Escola Dr.º Fernando Corrêa da Costa em Amambai. Nessa análise foram encontradas algumas pistas, de como o ensino de Língua Portuguesa a partir da interação verbal, tem o texto como multiplicador de sentido e como ato discursivo.

Por fim, João Fábio Sanches Silva, no artigo “A construção discursiva da identidade de futuros professores de inglês”, traz resultados preliminares de um estudo que teve por base os conceitos de identidade, investimento, comunidades imaginadas e resistência para compreender como futuros professores de línguas têm discursivamente construído sua identidade ao longo das suas experiências de aprendizagem e uso de inglês.

Campo Grande-MS, dezembro de 2013.

 

Dr. João Fábio Sanches Silva (UEMS)

Dra. Adriana Lúcia de Escobar Chaves de Barros (UEMS)

 Dr. Ruberval Franco Maciel (UEMS)

 

Organizadores